quarta-feira, 1 de junho de 2011

Amores Surdos - Grupo Espanca!


A peça Amores Surdos (assiste no dia 21 de maio) é fantástica e emocionante, nos faz refletir sobre nossa convivência familiar, nossas atitudes, o quanto não aproveitamos os momentos de nossa vida e deixamos de  conhecer aqueles que estão mais próximos de nós. 

"Em Amores Surdos, o grupo Espanca! consegue espelhar o mundo pelo viés do simples. O simples fala do complexo, mostra todas as contradições e conflitos que enriquecem o complexo, mas não complica, não busca desesperadamente o novo, só expõe com sinceridade. Tudo começa pela idéia de que “todas as histórias do mundo já foram contadas”. O que para alguns poderia ser motivo para ter depressão, cometer suicídio ou trocar o teatro pela advocacia; para eles é consciência que leva adiante, que leva à busca por modos mais radicais de criar, que leva a contar histórias que já foram contadas – mas que nunca haviam sido contadas assim. Nunca com tanto sapateado e tanta lama.
Se a idéia é falar em histórias cotidianas, não pode haver objeto melhor do que a família. É daí que a peça parte – de onde todos, em última análise, partimos e de onde trazemos muito de nós. Fique claro que não estamos falando em sentimentalismo, nem de uma ode à família burguesa. Pelo contrário,Amores Surdos critica com sutileza o tipo de sentimento e de cotidiano que se constrói neste âmbito e o quanto é difícil nos desvincularmos dele.
A história de uma família normal, onde tudo é normal (de encaixado na norma, mesmo) e parece funcionar perfeitamente, começa a surpreender quando, por meio de objetos carregados de simbologias, mostra que a incondicionalidade do amor interfere como um ruído fortíssimo na comunicação e no crescimento dos familiares. E então, num ambiente quentinho e confortável, as pessoas se acomodam e vão ficando, ficando, ficando… num estado dormente, imobilizados, surdos.  Uma família composta por um pai ausente, uma mãe zelosa, um caçula com problemas respiratórios e outros quatro filhos. Mesmo quando está acordada, a família não se ouve, não se enxerga, não se percebe: reflexo de um cotidiano cercado de comunicações frágeis. 
Este estado de fuga pode durar por muito tempo, mas, em algum momento, as transformações da vida (como aprender a calçar sapatos de gente grande) e as crises precisam ser encaradas. Então, cada um a seu modo, é obrigado a lidar com a lama acumulada em algum quartinho esquecido. Pra sorte dos atores, lama faz bem pra pele.
Com direção de Rita Clemente e texto de Grace Passô, Amores Surdos foi inspirada nas peças do escritor alemão Bertolt Brecht e tem o discurso composto por metáforas que abrem a discussão sobre a fragilidade nas relações humanas e a passagem para a vida adulta. “O espetáculo permite fácil identificação pelo público, com seus sentimentos e conflitos tão comuns, que nos leva a refletir sobre a situação”, comentou Clemente."


Fonte:  http://www.bacante.com.br/critica/amores-surdos/
http://www.emlourdes.com.br/cultura/detalhes/amores-surdos

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