segunda-feira, 13 de junho de 2011

Por Elise - Grupo Espanca!

Com muito custo, no dia 05 de junho (mesmo chegando uma hora antes, os ingressos já estavam esgotados, mas permaneci na espera) consegui assistir a peça Por Elise, do grupo Espanca!. A peça é fantástica, e recomendo para aqueles que não viram.



Por Elise, inicia com uma dona de casa avisando “Cuidado com o que planta!”, temerosa de que algum abacate do pé que ela mesma plantou lhe caia na cabeça. É assim, cheia de frases aparentemente banais, que a peça Por Elise do grupo mineiro Espanca! tem encantado públicos de todo o Brasil. Com texto e direção de Grace Passô, cinco atores – incluindo a própria Grace – apresentam o sublime espetáculo que parece ter sido feito especialmente para cada platéia, como pontuou o crítico Sérgio Sálvia Coelho, em outubro de 2005 na Folha de São Paulo.
“Vocês vão entender porque estou fazendo isso”, diz ainda a mulher na sua fala de abertura. Além dela e dos seus abacates que insistem em cair surpreendentemente no palco, a peça conta ainda a história de uma mulher cujo cachorro será sacrificado, de um lixeiro que busca reencontrar o pai e de um funcionário da carrocinha que sonha em ir ao Japão. Histórias aparentemente simples que ganham uma densidade poética encantadora.
A peça – a princípio, um tanto obscura – vai se revelando aos poucos, à medida que o espectador assimila as mensagens subliminares que cada personagem transmite, através de seus anseios, encontros e desencontros. Trata-se de uma fábula contemporânea sobre os sentimentos e as relações humanas, sobre o envolver-se (ou não) com aqueles e aquilo que nos rodeiam e todas as conseqüências que isso pode trazer. A proteção aconselhada pela dona do abacateiro (e só aconselhada) é retratada pelo uniforme do funcionário que recolhe cães doentes, impedindo-o de sentir algo.
Com analogias e metáforas permeadas por um humor e uma ironia sutis, Por Elise dialoga com uma das questões mais intrínsecas do homem na contemporaneidade: a busca por segurança e proteção. Esse diálogo surpreende o espectador pela simplicidade e delicadeza com o qual é proposto e pela comoção que alcança. É um espetáculo cheio de ternura, a qual pode ser percebida pelas interpretações apuradas de um elenco jovem e competente.

Fonte:
http://cinecritica.wordpress.com/2006/07/26/porelise/

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