sábado, 11 de junho de 2011

Bertolt Brecht

Bertolt Brecht começou a escrever cedo e publicou seu primeiro texto num jornal em 1914. Cinco anos mais tarde, ingressou no Partido Independente Socialista e teve um filho - Frank - com uma de suas amantes.

Em 1922 estreou sua peça "Os tambores da noite". Em 1923 casou-se com Marianne Zoff, de quem se divorciaria em 1927, e com quem teve uma filha, Hanne. 
Conheceu a atriz Helen Weigel e com ela passou a morar em Berlim. O casal teve um filho, Stefan.

Brecht conheceu o músico Kurt Weil em 1927. Dois anos depois, criaram juntos a "Ópera dos Três Vinténs", que se tornaria um grande sucesso. A partir daí, o dramaturgo passou por um período de grande produtividade. Criou "A Mãe", "Homem por Homem", "Mahagonny", "Happy End", "Santa Joana dos Matadouros", entre várias outras peças. Nesta época desenvolveu também a teoria do teatro épico, que seria publicada em 1948, em "Estudos sobre Teatro."

Em 1933, com a perseguição nazista, Brecht exilou-se da Alemanha, indo primeiro para a Suíça, depois para Paris e finalmente fixando-se na Dinamarca. Nesse período, criou "Terror e Miséria do Terceiro Reich," "A Vida de Galileu" e "Mãe Coragem e seu filhos". Com a invasão da Dinamarca pelos alemães, partiu novamente, refugiando-se agora em Nova York, em 1941.

Bertolt Brecht trabalhou em Hollywood. Dois anos após o fim da Segunda Guerra, em 1947, retornou à Europa. Instalou-se definitivamente em Berlim, em 1948. Estava na Alemanha Oriental, cujo regime comunista valorizava, enquanto estava no exílio.


Logo, porém, deu-se conta do autoritarismo policialesco que vigorava nos países do bloco soviético: pelo fato de estar mal vestido e com a barba por fazer, foi barrado pela polícia na entrada de uma solenidade que seria dada justamente em sua homenagem, conforme relata o historiador Paul Johnson, no livro "Os Intelectuais".

Além disso, Johnson também registra que Brecht preferiu deixar os direitos autorais de suas peças a cargo de uma empresa suíça que lhe remetia clandestinamente grande somas de dinheiro.

Em 1949, com o apoio do governo da Alemanha Oriental, Bertolt Brecht fundou o "Berliner Ensemble", uma companhia de teatro que montava principalmente peças do autor. Dois anos antes de morrer, de ataque cardíaco, o dramaturgo iniciou a publicação de suas obras completas.

Alguns poemas de Brecht, para reflexão:


SOBRE A SERIEDADE NA ARTE

A seriedade do homem que dá forma às jóias de prata
É igualmente benvinda à arte do teatro, e benvinda
É a seriedade das pessoas que trancadas
Discutem o texto de um panfleto. Mas a seriedade
Do médico inclinado sobre o doente já não é adequada
À arte teatral, e inteiramente imprópria é
A seriedade do padre, seja suave ou inquieta.
(Brecht; poemas - 1913-1956. Trad. Paulo Cesar Souza. Brasiliense, 1986. p. 256.)


SOUBE QUE VOCÊS NADA QUEREM APRENDER

Soube que vocês nada querem aprender
Então devo concluir que são milionários.
Seu futuro está garantido — à sua frente
Iluminado. Seus pais
Cuidaram para que seus pés
Não topassem com nenhuma pedra. Neste caso
Você nada precisa aprender. Assim como é
Pode ficar.
Havendo ainda dificuldades, pois os tempos
Como ouvi dizer, são incertos
Você tem seus líderes, que lhe dizem exatamente
O que tem a fazer, para que vocês estejam bem.
Eles leram aqueles que sabem
As verdades válidas para todos os tempos
E as receitas que sempre funcionam.
Onde há tantos a seu favor
Você não precisa levantar um dedo.
Sem dúvida, se fosse diferente
Você teria que aprender.
(Brecht; poemas - 1913-1956. Trad. Paulo Cesar Souza. Brasiliense, 1986. p. 91.)
PROFESSOR, APRENDE!
Não digas tantas vezes que estás com a razão!
Deixa que o reconheçam os alunos!
Não forces com demasia a verdade:
é que ela não resiste…
Escuta, quando falas!
(Brecht; poemas - 1913-1956. Trad. Paulo Cesar Souza. Brasiliense, 1986. p. 208.)
PERGUNTA
Como há de ser instituída a verdadeira ordem
sem o saber das massas? Sem aviso,
não se pode o caminho para tantos
descobrir.
Vós, grandes mestres,
deveis escutar bem o que os pequenos dizem!
(Brecht; poemas - 1913-1956. Trad. Paulo Cesar Souza. Brasiliense, 1986. p. 209)
REALIZAR ALGO DE ÚTIL
Quando li que queimavam as obras
dos que procuravam escrever a verdade
Mas ao tagarela George, o de fala bonita, convidaram
Para abrir sua Academia, desejei mais vivamente
Que chegue enfim o tempo em que o povo solicite
a um homem desses
Que num dos locais de construção dos subúrbios
Empurre publicamente um carrinho de mão com
cimento, para que
Ao menos uma vez um deles realize algo de útil,
com o que
Poderia então retirar-se para sempre
Para cobrir o papel de letras
Às custas do
Rico povo trabalhador.
(Brecht; poemas - 1913-1956. Trad. Paulo Cesar Souza. Brasiliense, 1986. p. 108.)
QUANDO ME FIZERAM DEIXAR O PAÍS
Quando me fizeram deixar o país
Lia-se nos jornais do pintor
Que isto acontecia porque num poema
Eu havia zombado dos soldados da Primeira Guerra.
Realmente, no penúltimo ano da guerra
Quando aquele regime, para adiar sua derrota
Já enviava os mutilados novamente para o fogo
Ao lado dos velhos e meninos de dezessete anos
Descrevi em um poema
Como um soldado morto era desenterrado e
Sob o júbilo de todos os enganadores do povo
Sanguessugas e opressores
Conduzido de volta ao campo de batalha.
Agora que preparam uma nova Grande Guerra
Resolvidos a superar inclusive as barbaridades da última
Eles matam ou expulsam gente como eu
Que denuncia
Seus golpes.
(Brecht; poemas - 1913-1956. Trad. Paulo Cesar Souza. Brasiliense, 1986. p. 109.)
Fonte:  
http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u257.jhtm



http://www.apropucsp.org.br/revista/rcc01_r09.htm


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