sexta-feira, 10 de junho de 2011

Tragédia Grega

O teatro na Grécia antiga teve suas origens ligadas a Dionisio, divindade da vegetação, da fertilidade e da vinha, cujos rituais tinham um caráter orgiástico que incluiu o espetáculo de mímica, dança, música, poesia, etc.. O florescimento do teatro na Grecia ocorreu entre 550 a.C. e 220 a.C., sendo cultivado em especial em Atenas, onde celebrava-se o culto de Dionísio, acontecimento muito apreciado pela população camponesa. Já as Grandes Dionisíacas eram as celebrações urbanas, quando se realizavam os famosos concursos entre autores dramáticos (cada participante concorria com três peças “Trilogia”). que neste período também conheceu seu esplendor, mas espalhou-se por toda a área de influência grega, desde a Ásia Menor até a Magna Grécia e o norte da ÁfricaCom o passar do tempo, as procissões dionisíacas foram ficando mais elaboradas, e surgiram os "diretores de coro", os organizadores das procissões, já que elas podiam reunir nas cidades até vinte mil pessoas. O primeiro diretor de coro e dramaturgo foi Téspis, convidado pelo tirano Pisístratopara dirigir a procissão de Atenas e vencedor do primeiro concurso dramático registrado. Téspis parece ter sido um elo importante na evolução final do ditirambo cantado em direção ao texto recitado e dialogado, criando a figura do "respondedor ao coro" (hypócrites) e a do personagem individualizado, o ator, em contraste ao coro, anônimo e coletivo. Com estas inovações, é considerado o pai da tragédia, mas possivelmente não tenha sido de fato o primeiro a usar diálogos. Sólon parece ter escrito poemas com esta característica, e os rapsodos que recitavam Homero também faziam uso da prosa dialogada.Também parece ter introduzido um segundo personagem, além do protagonista, representando dois papéis na mesma peça através do uso de uma máscara com uma face na frente e outra na nuca. As máscaras tinham uma outra função, eminentemente prática, por possibilitarem às pessoas acompanhar a ação cénica pelas expressões que mostravam, quando a voz do ator não conseguia alcançar toda a platéia.

A encenação das peças era feita exclusivamente por atores masculinos que usavam máscaras e representavam também personagens femininos, que deram origem às grandes obras do teatro ateniense. As Grandes Panatenéias, em honra da Deusa Atena, eram celebradas de quatro em quatro anos, com concursos de música e canto, corridas de cavalos e outras competições esportivas; finalizavam com uma procissão que percorria a via sagrada, para oferecer à Deusa o manto luxuoso. Era a festa mais importante da Cidade-Estado de Atenas. 


Autores que se destacaram nesta época são ChoerilusPratinas e Phrynichus, cada qual introduzindo mudanças no estilo da representação. Destes, Phrynichus é o mais conhecido, vencedor de competições e autor de tragédias com temas explorados mais tarde na era dourada do teatro grego, como As DanaidesAs Mulheres da Fenícia e Alceste, sendo o primeiro a introduzir personagens femininos. Foi ainda o primeiro a abordar um tema contemporâneo com a peça A Queda de Mileto, produzida em 493 a.C. e que arrancou lágrimas da platéia pelo choque que a conquista da cidade pelos persas provocara na sociedade ateniense. Mas ao contrário do que se poderia esperar, Heródoto conta que em vez de ser considerada um sucesso por sua eficiência dramática, a peça acarretou ao autor uma multa de mil dracmas por ter trazido à memória dos cidadãos uma calamidade tão infausta, que os havia abalado tão profundamente, e a peça foi proscrita para sempre.

Do ponto de vista cultural, Atenas não era superada por nenhuma outra cidade grega. Lá viveram os maiores pensadores e artistas do mundo grego; alguns deles da própria humanidade. No período clássico, o teatro tornou-se uma manifestação artística independente, embora os principais temas permanecessem ligados à religião e à mitologia. Os dois gêneros básicos do drama teatral foram à tragédia e a comédia.


A tragédia é o gênero mais antigo, tendo surgido provavelmente em meados do século VI a.C. Os temas da tragédia eram oriundos da religião ou das sagas dos heróis, sendo raras as tragédias que se debruçavam sobre assuntos da época, um exemplo de passada que abordava temas contemporâneos foi Os Persas de Ésquilo que escreveu também a trilogia Oréstia, Prometeu Acorrentado. A maioria das tragédias retrata a queda de um herói, muitas vezes atribuída à sua arrogância (hybris). Outros autores foram Sófocles (495 - 405 a.C.), que se destaca com as peças Édipo Rei, Antígona e Electra; Eurípedes (480 - 406 a.C.), autor de Medéia, Hipólito, Andrômaca, As Troianas, etc.Na tragédia os actores utilizavam uma túnica até aos pés, chamado quíton, e o coturno.

A comédia foi um gênero mais voltado para o cotidiano, para os costumes, que são tratados sobre tudo como objeto de crítica e sátira. A comédia passou a integrar as Grandes Dionísias em 
488 a.C., tendo tido portanto um reconhecimento meio século depois da tragédia. No ano de 440 a.C. a comédia foi também introduzida nas Leneias, outro festival em honra Dioniso no inverno. Dentre os principais comediógrafos destacam-se: Aristófanes (445 - 385 a.C.), autor de A Paz, Lisístrata, A Assembléia de Mulheres, Os Cavaleiros e Plutos; Menandro (340 - 292 a.C.), autor de O Intratável. Na comédia o coro assumia uma importância maior que na tragédia e verificava-se uma maior interactividade com o público, já que os atores dialogavam com este. Na comédia usavam-se roupas próximas às utilizadas pelos cidadãos e calçavam-se sandálias.

Depois da queda de Atenas e sua destruição pelos persas em 
480 a.C. a cidade foi reconstruída, e o teatro passou a desempenhar um papel ainda mais importante na cultura e no orgulho cívico locais. Com a evolução da forma e a introdução de enredos fictícios ou contemporâneos se estabilizaram dois gêneros principais, já plenamente cênicos: a tragédia e a comédia. Nas Grandes Dionísias três poetas concorriam, cada um com três tragédias e um dramasatírico. Para além disso, apresentavam-se cinco comédias e 20 ditirambos.

As novidades desta fase são a introdução de um segundo ator, o 
deuteragonista, por Ésquilo, e depois um terceiro, otritagonista, por Sófocles. O coro se formalizou e fixou com cerca de 4 a 8 pessoas, vestidas de negro, e o acompanhamento musical desenvolveu os primeiros sinais de cromatismo e polifonia na história da música do ocidente. Crátinos, por sua vez, foi o primeiro a levar a comédia a um alto nível de dignidade literária. 

Um dos grandes acontecimentos do ano para os gregos era a ida ao teatro. As peças só eram apresentadas durante dez dias e cada peça representada apenas uma vez. Como todos queriam ver os espetáculos, o teatro tinha que ser grande. Os teatros situavam-se ao ar livre, nos declives das encostas, locais que proporcionavam uma boa acústica. Inicialmente os bancos eram feitos demadeira, mas a partir do século IV a.C. passaram a ser construídos em pedra. Para além a platéia distinguiam-se várias áreas no teatro. A orquestra era a área circular em terra batida ou com lajes de pedra situada no centro das bancadas, onde o coro realizava a sua interpretação. Julga-se que a orquestra teria de início uma forma quadrangular. No centro da orquestra ficava um altar em honra a Dioniso, que servia não só para oferecersacrifícios, mas também como adereço. Em cada lado da orquestra existiam as entradas para o coro, os parodoi. Detrás da orquestra estava a skenê, o cenário, estrutura cuja função inicial foi servir como local onde os actores trocavam de roupa, mas que passou também a representar a fachada de um palácio ou de um templo. Frente à skenê estava o proscenium, onde os actores representavam os papéis, se bem que estes também se deslocassem até à orquestra. A população ia para o teatro muito cedo, logo após o nascer do sol. Pagava dois óbolos (moeda grega) para entrar. O Estado mantinha um fundo especial para subsidiar quem não pudesse pagar.

Teatro Grego
Fonte:  http://canalfelipe.blogspot.com

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